domingo, 24 de fevereiro de 2013

Lyoto Machida vs Dan Henderson





Uma luta morna.
Essa é a definição do combate entre Lyoto e Hendo.
No primeiro round, muito estudo de ambas as partes. Fugindo um pouco de seu estilo habitual de partir para cima, o americano preferiu estudar o oponente, mantendo-se a uma distância segura. Ficou evidente que ele estava preocupado com os contragolpes de Machida, e que por isso evitava se expor como faz normalmente.
Lyoto, por sua vez, lutava no mesmo estilo de sempre.
Henderson chegou a acertar um bom soco de direita - sua principal arma -, mas no final do assalto o brasileiro conseguiu uma linda queda, completando com uma bomba que deixou o rosto de Hendo bem marcado. Infelizmente o round acabou em seguida. Caso a queda tivesse acontecido trinta segundos antes, acredito que a história da luta poderia ser bem diferente, com o americano em maus lençóis.

No segundo round, Machida acertou bem mais golpes, mas nada contundente. Ele tentava muitos mae geris (chutes frontais) na linha de cintura, e uma vez chegou a acertar o rosto do adversário.

No terceiro e último round, a mesma história do segundo se repetia, com Lyoto acertando mais golpes, até um ushiro geri (chute giratório na linha de cintura) e um mae tobi geri (chute frontal com salto) no rosto. Mas, ao tentar uma joelhada, ele escorregou, e Hendo caiu por cima. Apesar de ser um especialista no ground and pound, o americano foi completamente anulado pelo brasileiro, que ficou agarrado até encontrar a oportunidade de ficar de pé novamente.

No final, decisão dividida dos árbitros, e vitória por pontos para Lyoto.

Para que vê de fora, pode ter sido realmente uma luta morna, como escrevi lá em cima. Mas com certeza para eles a tensão era gigantesca dentro do octagon. Se nenhum dos dois arriscou mais, foi pela certeza de que poderiam ser nocauteados caso o fizessem.

Parabéns a Lyoto, que mais uma vez passou por uma pedreira que o UFC escalou para ele, e agora contabiliza 19 vitórias e 3 derrotas em sua carreira de mma.
Provavelmente o próximo desdafio do carateca será encarar o vencedor de Jon Jones e Chael Sonnen na disputa pelo título mundial dos meio-pesados.

OSS!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Reta final de Lyoto Machida vs Dan Henderson






Reta final de treinamentos para Lyoto Machida, que, na foto acima, ouve os conselhos do sensei Tasuke Watanabe (técnico da Seleção Brasileira de karate-dô Tradicional), sob o olhar atento de seu "head coach", Chinzô Machida.

O UFC 157, que será realizado no dia 23 de fevereiro, na Califíórnia, terá a luta de Lyoto contra a pedreira Dan Henderson (EUA)

O americano de 42 anos vem de uma sequência de quatro vitórias sobre lutadores de grande expressão como Renato Babalu Sobral, Rafael Feijão, Fedor Emelianenko e Maurício Shogum. Infelizmente, três de suas últimas quatro vitórias foram sobre brasileiros.
O jogo do veterano wrestler deve ser bem previsível, mas não menos perigoso por causa disso: ele tentará encurtar a distância para encaixar um de seus potentes swings, para então tentar derrubar e ficar castigando o karateca no ground and pound. Muito cuidado para o overhand (soco semi-circular que passa por cima do braço do oponente), que ele deve tentar quando Lyoto atacar com gyako tsuki (direto).

Já Machida deve procurar exatamente o caminho inverso: manter a distância, aproveitando sua maior velocuidade e maior envergadura para conseguir atingir o adversário sem se expor - como é de sua característica.
Se contra Machida pesa ao fato de Henderson ter vencido três brasileiros nas últimas quatro lutas, contra o americano pesam as duas vitórias recentes de Lyoto contra wrestlers natos (Randy Couture e Ryan Bader).

Para mim é uma luta perigosa contra um adversário de queixo duro, vasta experiência e muita disposição. Mas Lyoto tem tudo para vencer, contando com maior velocidade, visão de luta e, principalmente, timing.

O fato de, mais uma vez, os Machida terem trazido para o treinamento o renomado técnico da Seleção Brasileira de karate-dô Tradicional, sensei Watanabe, foi uma jogada brilhante. Isso porque com suas dicas precisas e sua visão genial, sensei Watanabe traz muita coisa para o cardápio de golpes de Lyoto.
Tive a oportunidade de treinar muito com sensei Watanabe nos dois últimos anos, quando ele foi meu técnico da Seleção. Ele é um especialista em enganar o adversário, trazendo-o para o seu jogo. Tem treinos que afiam ainda mais o deai (golpe de encontro), e o oi komi (direto lançado com todo o corpo)

Confio que mais uma vez o brasileiro vai sair com a vitória do octagon, quebrando a sequência do americano, que luta em casa.

OSS!

 No link abaixo, essa mesma matéria no Portal do Vale-Tudo, um dos mais acessados sites de luta do mundo, com cerca de 5 milhões de acessos mensais:
http://portaldovaletudo.uol.com.br/br/noticias/item/4340-parceiro-de-treinador-de-lyoto-na-sele%C3%A7%C3%A3o-de-karat%C3%AA-analisa-confornto-contra-hendo

Curso com Yahara




Um dos maiores nomes do karate de todos os tempos virá ao Brasil em 2013.

No dia 25 de maio, no Rio de Janeiro, e no dia 26 de maio, na cidade de Ribeirão Preto, SP, sensei Yahara ministrará dois cursos onde passará um pouco de sua vasta experiência, ensinando técnicas de kihon, kata e kumite.
Mikio Yahara foi um dos maiores atletas de todos os tempos dentro da JKA. Era temido pelos adversários, e conhecido por ser um lutador extremamente agressivo, forte, versátil e imprevisível. Tinha como principais golpes o oi tsuki, chutes variados e quedas. Sagrou-se campeão mundial de kata e kumite individual, além de kumite por equipes, na época de ouro do karate.

Hoje, sensei yahara está à frente da KWF (Karate no Michi World Federation), entidade que criou com o intuito de resgatar o karate da forma como o aprendeu.

O curso é organizado pelos professores Roberto Sant'Anna (SP) e Felipe Martins (RJ), duas figuras conhecidas e respeitadas no mundo do karate.

Vale muito a pena. Certamente será uma experiência única poder aprender com um mestre desse calibre.

OSS!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A união é possível

A histórica imagem acima, onde os mestres Yasutaka Tanaka (de costas), Masahiko Tanaka (com o microfone), Tasuke Watanabe (camisa preta) e Yoshizo Machida (de barba) estão juntos, aplicando um gyako tsuki, foi registrada no XIII campeonato Brasileiro JKA, realizado em abril de 2012, no Rio de Janeiro.

Muito mais do que a reunião de quatro grandes ícones do karate Shotokan mundial, essa foto representa uma esperança: a união é possível.

Quando sensei Nishiyama criou a ITKF, na década de oitenta, seu objetivo era resgatar o karate da forma como o tinha aprendido no Japão, pois ele se preocupava com os rumos que o karate esportivo estava tomando. Com isso, nasceu o karate Tradicional.
A JKA, entidade mais antiga do mundo de karate Shotokan, e de onde saíram os principais mestres (Nakayama, Nishiyama, Asai, Kanazawa, Oishi, Yahara e muitos outros, além dos quatro mestres da foto acima), estava envolvida em uma batalha interna que gerou um racha na entidade. Mas hoje isso é passado. A JKA está unida no Japão, e no mundo as entidades representativas da JKA crescem a cada dia. No Brasil, a JKA vem crescendo de forma exponencial nos últimos dez anos.
Então eu pergunto: o que há de mais tradicional no karate Shotokan do que a JKA?

A ITKF jamais competirá com a JKA, e vice-versa, pelo simples fato de uma ser uma entidade federativa (ITKF) e a outra ser uma escola (JKA). Ou seja, elas podem - e devem - caminhar juntas, unindo forças, sem que uma entre em competição com a outra.

Essa foto é a prova definitiva de que a união entre a ITKF e a JKA é possível.

De um lado, Yasutaka Tanaka, presidente de horna da CBKT, e Tasuke Watanabe, técnico da Seleção Brasileira Tradicional; do outro, Masahiko Tanaka, instrutor-chefe da JKA do Japão e Yoshizo Machida, técnico da Seleção Brasileira JKA.
Juntos, unidos em prol do karate.

Sonho em ver as duas entidades juntas.

Particularmente, tenho o privilégio imenso de fazer parte das duas Seleções Brasileiras - JKA e Tradicional. Tenho a oportunidade de ouro de ser treinado pelos mestres Watanabe e Machida, e de conviver e treinar com a nata do karate JKA e do Tradicional.
Mas sonho um dia poder ver a Seleção unificada, um único grupo, composto pelos melhores lutadores do Brasil, representando nosso país nas competições internacionais da ITKF e da JKA.

OSS!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ser atleta de karate



 
É difícil de explicar os sacrifícios que um atleta de karate passa.
Parece exagero, parece que quero enaltecer os atletas elevando-os acima do que eles realmente são. Mas não é isso.
A verdade é que é preciso muito mais do que simplesmente querer ser atleta, competir em alto nível, chegar até o topo. É preciso um desejo que beira a insanidade, uma vontade maior do que se pode imaginar. É preciso estar disposto a ir muito além das suas forças, muito além da fé das pessoas ao seu redor.
É enfrentar as adversidades sem se deixar abater, é conviver com as dores, com a descrença, com a incerteza. É estar preparado para treinar durante seis meses, seis dias por semana, deixando de lado prazeres, festas, amigos, correndo o risco de ver a competição acabar em vinte segundos, com um ipon a favor do adversário.
Ser atleta de karate é isso tudo e muito mais.
É deixar a família em casa, enfrentar o olhar triste da esposa, dos pais, ou filhos, para viajar em busca de um objetivo.
É correr atrás de patrocínio e ouvir mais vezes a palavra “não” o que a maioria das pessoas ouve durante toda a vida.
É sentir medo e seguir adiante.
É se cobrar mais do que qualquer pessoa cobraria você, é tentar do fundo do coração chegar o mais longe possível, explorar seus potenciais até o limite, espremer cada gota de capacidade, fazer coisas inacreditáveis.
E ainda por cima ter que responder à pergunta incômoda que ronda a todos nós: “o que você está ganhando com isso?”
Talvez seja difícil de compreender, mas dinheiro não é tudo na vida. Nem fama. E se o karate Tradicional ou JKA não é alvo dos holofotes, nem dá prêmios maravilhosos em dinheiro, e se tudo o que se ganha são medalhas simples, ou muitas vezes absolutamente nada, a satisfação pessoal é imensurável.
Então, tudo valeu a pena, as viagens sem fim, as horas de espera nas arquibancadas desconfortáveis dos ginásios, as lutas duríssimas, as dores constantes.
Então, no fim, ao olharmos para trás, teremos certeza absoluta de que faríamos tudo de novo.
OSS.